quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do café

A poeira do chão levanta
com o sofrimento do coração
e não é suficiente bater o pó

Tem que recomeçar a subir a ladeira
gritar lá de cima, ver as coisas do alto
juntar os trapos, mover as tripas
e das entranhas tirar o amor

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Todo mês

Ciclo, a renovação parte de mim, parte de nós.


O útero fecunda a mudança, a esperança.


E a mulher nasce novamente.


O não parto de toda nova lua traz a revolução.


E, começar de novo é a vida dela.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Amigos

Esperei por amigos que não vieram
Chorei por amores que não sofri
Cantei canções que não lembrava
E fiquei sentimental


Lamentei o jogo ganhado
Brinquei de enganar palavras
E escurecer o dia
E fiquei sentimental


Gritei pelo gol marcado
Pulei pelo filho nascido
Comemorei o que perdi
Vivi uma pequena morte
E fiquei outra vez sentimental

terça-feira, 4 de maio de 2010

Para lavar a alma...

Para lavar a alma pôr-do-sol, tarde de outono e céu azul
Banho de cachoeira alta, pequena ou um filete d’água
Para lavar a alma encontre a si mesmo, perca-se nos seus pensamentos
Tente bater asas e não voar e voe sem precisar delas
Para lavar a alma, um livro, uma música
Cante sem som, dance sem letra
Esqueça. Lembre. Pense. Reflita.
Vá até o mar, um lago, uma lagoa, uma represa ou uma poça d’água
Volte pra casa. Saia de casa.
Cozinhe. Coma comida de vó ou de mãe.
Fique sozinho. Esteja em silêncio.
Peça perdão e perdoe a si mesmo.
Tolere.
Interdite-se. Proíba-se.
Recomece do zero ou continue.

terça-feira, 16 de março de 2010

Arco-íris


A tempestada nos presenteou com dois arcos coloridos. Para celebrar o fim da tarde com sorrisos tímidos. Passei por debaixo deles, procurei o pote de ouro. Encontrei o baú do contentamento e me enchi de alegria.
Depois de raios e trovoadas, o silêncio discreto de um arco-íris. Para caminharmos em paz. Os pingos das copas, sem susto, molhavam os passantes e a tranquilidade era mãe do vento.
O ar fresco e leve limpava a alma dos cansaços do coração. Enchia o peito de amor e renovava a espera. Esperança!


quarta-feira, 10 de março de 2010

Sobre cabeças

Colocaram em cima da minha cabeça máquinas
elas construíram um prédio
do prédio saía uma ponte
a ponte chegava em um banco
depois do banco tinha um viaduto
e atrás dele uma favela
de cima do morro era possível ver meu rosto

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Reflexo

Posso ser a despachante das estrelas ou a contratante da lua, o que importa é o reflexo delas no seus olhos!