Nada contra o “papai-mamãe”

As lojas C&A lançaram uma campanha publicitária para o dia dos namorados com o mote “Papai-mamãe não!”. A campanha gerou alguns protestos nos fregueses da rede de lojas, que reclamaram ao Conar e ao Procon. O resultado foi a suspensão, pelo Conar, do mote. Os vídeos da campanha agora estão sendo veiculados sem a música que propõe o “papai-mamãe não”.
Sem tirar o mérito dos responsáveis pela campanha, que tiveram uma sacada muito boa, acho que esse apelo sexual não seria o ideal para essa data. Ao proporem algo tão picante, esqueceram que existem casais de namorados em toda faixa etária, os adolescentes começam a namorar por volta dos 14 anos, ou antes, mas não necessariamente fazem sexo. O namoro nessa, ou em qualquer idade, não está estritamente relacionado ao sexo.
Mas, por outro lado, esse apelo sexual é encontrado em qualquer meio de comunicação e em qualquer horário. É difícil tomar um lado nessa polêmica, essa suspensão pode ser também algo que restringe a liberdade de criação dos publicitários. A campanha da C&A não causou repudio apenas com os vídeos, mas também com as peças gráficas e com as vitrines. As vitrines estavam montadas de forma a deixar à mostra apenas os pés dos manequins em posições insinuantes, o resto do corpo era coberto por algo que parecia ser cobertores. E as peças gráficas continham fotos de casais de mãos dadas ou passeando com cachorros em cima das quais existia um símbolo de proibido, e fotos mais picantes e provocantes em cima das quais existiam sinais de exclamação, como forma de aprovação. No final dos encartes tinha “games do amor” com dadinhos recortáveis. No Espírito Santo, onde os protestos foram maiores, pais encontraram crianças brincando com os dadinhos sexuais que vinham nos encartes.
Taí, os responsáveis pela campanha deveriam imaginar que não só casais de namorados veriam suas peças. Além do mais, nada contra o “papai-mamãe”!