Sou um apelido, ou muitos...

Sou Nê desde quando me entendo por gente, meu irmão mais velho foi quem me apelidou assim. Na escola, devido à magreza e à altura, fui “vara de cutucar estrela”, Olívia Palito, “na capa”, e todos os apelidos maldosos que as crianças são capazes de criar. Um tio ainda me chama, carinhosamente, de magrela. Com o convívio alguns amigos se acostumaram a chamar-me Nê. Alguns preferem Vanessão ou Nessão, aludindo ao meu tamanho. Uma amiga começou a me chamar de Vanessinha, não adaptei, acho que foi mania de grandeza. Ela, então, arrumou um apelido diferente, e reduzindo amicíssima, começou a tratar-me por “ámissima”. Em cada fase da vida um apelido diferente, novos amigos, novos apelidos. Alguns muito criativos outros muito óbvios. O amigo que costumo chamar de “pequeno príncipe”, trata-me por “butina de cristal”, talvez por meu dualismo entre força e sensibilidade ou, apenas, por ser mulher e ter um pé enorme. O outro que chamo de “filósofo”, chama-me de Louis Lane, pelas aspirações futuras. Outro amigo, inexplicavelmente, chama-me Jackson. Os namorados reservaram a mim apaixonados e secretos apelidos. Alguns ainda preferem nomear-me como Furnas, retomando o nome da minha cidade querida. Mas, eu sou de registro e de batismo, Vanessa Ferreira Soares.